04/12/2024
 | 
Leitura: 8 min

Tokenização de ativos: entenda o futuro do mercado financeiro

Imagine que você possui uma pizza e deseja dividi-la entre seus amigos. Em vez de cortar fatias físicas, você cria "tokens de pizza", que representam digitalmente cada fatia. Ao enviar esses tokens virtualmente, seus amigos teriam direito a uma fatia real. Esse conceito reflete como a tokenização de ativos funciona, sendo parte do processo mais amplo de transformação digital.

Na prática, ativos como imóveis, obras de arte ou empresas podem ser fracionados em partes digitais chamadas tokens, com cada um representando uma fração da propriedade desse ativo. 

Globalmente, o mercado de tokenização já movimenta cerca de US$ 130 bilhões, e a tokenização de títulos do Tesouro dos EUA experimentou um crescimento impressionante de 641% em 2023.

Neste contexto, a tokenização está se consolidando como uma tendência crescente entre instituições financeiras, conforme destacado pela pesquisa da Febraban de 2024.

Esse movimento abre novas oportunidades e apresenta desafios para empresas em busca de inovação e eficiência no mercado financeiro. Quer descobrir como a tokenização pode impactar seu negócio? Continue lendo!

O que é a tokenização de ativos?

A tokenização é o processo de transformar um ativo físico, como um imóvel, em uma representação digital chamada token, que é registrada na blockchain. Essa tecnologia funciona como um livro contábil público e inalterável, prevenindo fraudes e alterações indevidas.

Para ilustrar, imagine um certificado de propriedade. Em vez de existir em papel, esse documento agora seria digital e poderia ser dividido em partes menores (tokens). Cada token simboliza uma fração da propriedade do ativo original.

Tokenização no Brasil

O mercado brasileiro é um dos mais avançados no uso da tokenização, liderando a implementação dessa tecnologia. Entre 2021 e 2022, o Brasil movimentou mais de R$ 731 bilhões em ativos digitais. O país oferece um ambiente propício para a tokenização por diversos motivos, como:

  • ambiente regulatório favorável: o Brasil está desenvolvendo uma estrutura regulatória clara e segura para a tokenização, incentivando sua adoção por empresas;
  • inovação e empreendedorismo:  o ecossistema de startups e fintechs no país é dinâmico, liderando o desenvolvimento de soluções baseadas em blockchain;
  • mercado financeiro digitalizado: o sistema financeiro brasileiro já é amplamente digitalizado, o que facilita a integração de novas tecnologias, como a tokenização.

Desafios da tokenização de ativos para o mercado financeiro

Apesar dos avanços, o Brasil ainda enfrenta alguns desafios no que diz respeito à tokenização de ativos, como a necessidade de regulamentações mais robustas e sistemas financeiros que acompanhem essa evolução.

Impacto da tokenização de ativos para o mercado financeiro

A tokenização de ativos tem o potencial de transformar o mercado financeiro de diversas formas. Entre os principais impactos estão:

  • automatização de contratos: a execução de contratos (pagamentos, transferências e negociações) torna-se automática e eficiente, reduzindo o tempo e os custos operacionais;
  • transparência e segurança: a tecnologia blockchain garante a imutabilidade e a segurança dos dados registrados, reduzindo o risco de fraudes;
  • inovação em produtos financeiros: a tokenização permite a criação de produtos financeiros mais personalizados e flexíveis para atender às necessidades específicas dos clientes;
  • eficiência operacional: a redução de intermediários e a automação de processos resultam em maior eficiência para as instituições financeiras;
  • novos modelos de negócio: as moedas digitais abrem portas para novos modelos de negócios, como o financiamento coletivo.

Novos meios de pagamento

Existem duas formas principais para realizar transações com ativos tokenizados:

1. Interfaces de Programação de Aplicativos (APIs)

Esse método permite a venda de ativos tokenizados conectando a tecnologia blockchain aos sistemas de pagamento tradicionais. Aqui, um bem é trocado por moeda tradicional (como real ou dólar), utilizando intermediários. Contudo, esse processo pode acarretar riscos, como a variação do preço durante a operação.

2. Liquidação diretamente na blockchain (DLT)

Outra alternativa é o uso de stablecoins, criptomoedas cujo valor está atrelado a ativos estáveis, como o dólar. Essa abordagem acelera o processo de pagamento e dispensa intermediários. No entanto, enfrenta obstáculos regulatórios que limitam sua adoção plena.

Variedade de ativos

Em razão da gama de ativos digitais, a tokenização possibilita a divisão de grandes ativos em partes menores e mais acessíveis. Por exemplo, um investidor pode adquirir uma fração de um imóvel, em vez de ter que comprá-lo integralmente.

Contudo, a introdução de novos ativos no mercado requer uma atualização das regulamentações para assegurar que os produtos sejam devidamente controlados. Essa prática garante segurança para os investidores.

Antecipação de recebíveis

A tokenização também facilita o processo de antecipação de recebíveis, o que permite que empresas recebam valores de forma antecipada. A tecnologia blockchain simplifica esse procedimento, reduzindo o risco operacional e promovendo uma reconciliação automática dos dados.

Um ponto negativo é que a falta de regulamentações específicas para a tokenização de ativos gera incertezas, freando a inovação na área. 

Acesso ao crédito

O aumento da liquidez de ativos através da tokenização pode facilitar o acesso ao crédito, conforme destacado pelo World Economic Forum.

Em teoria, pequenas frações podem ser negociadas no mercado, de forma a facilitar a obtenção de crédito. Entretanto, na prática, ainda há desafios consideráveis. A ausência de regulamentação específica para a tokenização de ativos restringe o acesso do público a essas oportunidades.

Quando poucos investidores ou instituições podem acessar determinados ativos, a liquidez diminui, resultando em menos compradores e vendedores no mercado. Esse cenário torna as transações mais demoradas e complexas.

Além disso, o processo de captação e liquidação de ativos geralmente envolve múltiplos sistemas e etapas, o que aumenta as barreiras e as ineficiências. A comunicação e a coordenação entre sistemas distintos elevam o tempo e o custo das transações.

Diversificação de investimentos

Embora algumas plataformas já utilizem a tecnologia blockchain para fracionar títulos, o sucesso dessas inovações depende da aceitação do mercado. Investidores e instituições precisam confiar na nova tecnologia e adotar essas mudanças.

Integrar a tokenização aos sistemas financeiros tradicionais é um desafio adicional. A negociação de ativos tokenizados exige a adaptação das infraestruturas existentes e o desenvolvimento de plataformas adequadas para esses novos mercados.

Categorias de tokens da CVM

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) regula a emissão e comercialização de tokens, categorizando-os de acordo com suas funções e características, o que facilita o cumprimento das regulamentações tanto para empresas quanto para investidores.

Token de Pagamento (cryptocurrency ou payment token)

Funcionam como moedas digitais e são usados como meio de pagamento, tal como o Bitcoin e o Litecoin. Essas moedas são uma alternativa digital às moedas tradicionais e podem ser utilizadas em transações financeiras.

Token de Utilidade (utility token)

Representam o direito de acesso futuro a produtos ou serviços oferecidos por uma empresa. Apesar de não terem um valor de mercado direto, oferecem benefícios relacionados aos serviços da empresa, como acesso antecipado a funcionalidades ou serviços exclusivos.

Token referenciado a Ativo (asset-backed token)

Simbolizam frações de ativos físicos, como imóveis ou ouro, ou ativos digitais, como propriedade intelectual. Um NFT (Token Não Fungível), por exemplo, pode representar a propriedade de uma obra de arte digital.

Os tokens referenciados podem incluir diversas categorias de ativos:

1. Security tokens

Representam direitos sobre ativos financeiros, como ações ou títulos, possibilitando a compra e venda de ações de uma empresa de forma digital.

2. Stablecoins

São criptomoedas com valor estável, geralmente atreladas a moedas fiduciarias, como o dólar americano, ou a ativos reais, como ouro. Essas moedas são ideais para transações financeiras devido à sua estabilidade.

3. NFTs 

Representam a propriedade exclusiva de itens digitais, como obras de arte ou outros itens colecionáveis. Permitem que criadores de conteúdo monetizem suas criações diretamente.

Demais ativos objeto de operações de tokenização

Além dos tipos mencionados, inúmeros outros ativos, tanto tangíveis quanto intangíveis, podem ser digitalmente representados por meio de tokens.

Regulamentações sobre a tokenização de ativos

As regulamentações que regem a tokenização de ativos exigem que as instituições financeiras operem em conformidade com as normas estabelecidas.

Nesse contexto, as soluções da Dimensa são projetadas para atender a essas exigências, proporcionando robustez e segurança para a gestão de ativos.

Fundos de Investimentos

Os sistemas da Dimensa são projetados para gerenciar ativos e passivos com segurança, assegurando a conformidade com as regulamentações e a precisão nas transações.

Bancos e Financeiras (Core Banking)

A plataforma oferecida possibilita a administração eficiente de produtos e serviços bancários, o que reduz burocracias e garante que as operações estejam de acordo com as normas estabelecidas. No ano passado, a Dimensa firmou uma parceria com a Agrotoken para possibilitar a oferta de tokenização de ativos agrícolas para instituições financeiras. 

Compliance

As soluções da Dimensa auxiliam no monitoramento das práticas empresariais para assegurar que estejam sempre alinhadas com as exigências regulatórias. Isso facilita o cumprimento legal e evita riscos de não conformidade.

Entre em contato com nossos especialistas e descubra como podemos ajudar sua empresa a se adequar às exigências da tokenização de ativos!

Em resumo

O que é a tokenização de ativos?

A tokenização de ativos é o processo de transformar um ativo físico, como um imóvel, em uma representação digital, chamada token, registrada na blockchain. Cada token corresponde a uma fração da propriedade do ativo, o que facilita sua negociação e evita fraudes, pois a tecnologia blockchain garante a integridade dos registros.

Desafios da tokenização de ativos para o mercado financeiro

Entre os desafios para o mercado financeiro estão a falta de regulamentações específicas para a tokenização e a necessidade de adaptar os sistemas financeiros para acompanhar essa inovação. Além disso, questões como a liquidez e a aceitação do mercado também são obstáculos a serem superados.

Créditos da imagem: Freepik

Compartilhe o artigo
Buscar artigos:

Artigos semelhantes


Gestão de investimentos
Open Investment: importância e impactos para o setor financeiro
O mercado financeiro está passando por transformações rápidas e profundas, impulsionadas por ini...
Leia mais
Gestão de investimentos
Código ANBIMA para fundos de investimentos: como manter a conformidade?
Na gestão de investimentos, a credibilidade se constrói com a conformidade e pode ser comprometida...
Leia mais
Gestão de investimentos
Resolução CVM 175: quais as mudanças para gestores de FIDC?
A Resolução CVM 175, que entrou em vigor em 2 de outubro de 2023, trouxe um novo panorama regulatÃ...
Leia mais
Gestão de investimentos
CVM 175 e seu impacto no mercado brasileiro de FIDCs
A Resolução CVM 175, publicada em 2022, trouxe mudanças fundamentais para o mercado de Fundos de ...
Leia mais
1 2 3 6
Não deixe de acompanhar nossas atualizações.
Inscreva-se em nossa newsletter
para receber conteúdos exclusivos.
Siga nossas redes sociais
linkedin facebook pinterest youtube rss twitter instagram facebook-blank rss-blank linkedin-blank pinterest youtube twitter instagram