29/07/2025
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Leitura: 8 min

Regulamentação das fintechs: quais são as leis que regem o setor?

A regulamentação das fintechs tem sido um dos principais fatores para o crescimento e fortalecimento do setor financeiro digital. Com normas mais claras, as empresas conseguem inovar sem comprometer a segurança dos consumidores e a estabilidade do mercado.

Além disso, a gestão de compliance tem um papel essencial nesse cenário, garantindo que as fintechs atuem em conformidade com as exigências regulatórias.

Nos últimos anos, o setor financeiro passou por grandes transformações. A digitalização dos serviços financeiros trouxe mais praticidade, mas também exigiu medidas para evitar fraudes e garantir transparência nas operações.

Diante disso, a regulamentação das fintechs se tornou um pilar para o equilíbrio entre inovação e segurança. A seguir, descubra quais são as normas aplicáveis, como as fintechs podem atuar e como automatizar o compliance.

Como se deu a evolução das fintechs?

As fintechs ganharam espaço após a crise financeira de 2008, quando a confiança nos bancos tradicionais diminuiu, abrindo oportunidades para modelos financeiros mais ágeis e acessíveis.

Empresas de tecnologia identificaram esse momento como uma chance de oferecer serviços mais eficientes e menos burocráticos.

No Brasil, as primeiras fintechs surgiram em 2010, com foco em pagamentos e transferências.

O cenário econômico da época, caracterizado por taxas bancárias elevadas e um grande número de pessoas sem acesso a serviços financeiros, impulsionou a demanda por alternativas inovadoras.

Entre 2016 e 2018, o setor cresceu rapidamente. O Banco Central implementou as primeiras diretrizes para regulamentação das fintechs, incluindo a resolução 4.656/2018, que estabeleceu regras para essas empresas.

Diferente dos bancos tradicionais, as fintechs atuam com estruturas mais leves e processos automatizados, o que reduz custos operacionais e amplia o acesso a serviços financeiros.

Entre 2020 e 2022, o setor passou por um período de consolidação, marcado por fusões e aquisições estratégicas. O lançamento do Pix também impulsionou a digitalização dos serviços financeiros.

Em 2024, o Brasil já contava com uma grande diversidade de fintechs, atuando em segmentos como crédito, investimentos e seguros.

Qual é a importância da regulamentação das fintechs no Brasil?

O avanço das fintechs na última década exigiu mudanças nas normas do setor financeiro. A digitalização dos serviços trouxe mais praticidade, mas também aumentou os riscos de fraudes e golpes.

Nesse contexto, a regulamentação das fintechs surgiu para equilibrar esse cenário, protegendo tanto as empresas quanto os consumidores.

O Banco Central do Brasil estabeleceu diretrizes que ampliaram a autonomia das fintechs, trazendo benefícios como:

  • Redução de custos operacionais.
  • Mais agilidade nas transações. 
  • Transparência nas operações financeiras. 
  • Proteção de dados dos usuários. 
  • Maior inclusão financeira. 

Uma das iniciativas mais importantes foi a criação dos sandboxes regulatórios. Esses ambientes permitem que fintechs testem novos modelos de negócio sob a supervisão das autoridades financeiras, o que garante segurança e inovação ao mesmo tempo.

Apesar de tantos avanços, tecnologias como blockchain e ativos digitais ainda carecem de regulamentações mais específicas. O desenvolvimento sustentável do setor depende de normas claras que protejam os usuários sem limitar a inovação.

Quais são as leis de regulamentação das fintechs no Brasil?

A regulamentação das fintechs no Brasil é estruturada a partir de duas resoluções do Banco Central, que redefiniram a atuação dessas empresas no mercado financeiro.

Resolução n° 4.656

Essa norma definiu dois modelos de fintechs de crédito: a Sociedade de Crédito Direto (SCD) e a Sociedade de Empréstimo entre Pessoas (SEP).

Ambas devem ser constituídas como Sociedades Anônimas, seguindo as regras da Lei nº 6.404/76, e precisam de autorização do Banco Central para operar.

Na prática, isso significa que as fintechs podem conceder crédito de forma independente, sem a necessidade de parcerias com bancos tradicionais. Essas empresas também podem realizar análises de crédito, emitir moeda eletrônica e atuar como representantes de seguros.

Antes dessa regulamentação, fintechs enfrentavam diversas restrições, como a impossibilidade de realizar operações de custódia de valores ou securitização de créditos sem a intermediação de uma instituição financeira.

Com a resolução, essas barreiras foram reduzidas, facilitando a entrada de novas empresas no setor e estimulando a concorrência. Como resultado, observou-se uma queda nas taxas de juros e um aumento na oferta de serviços financeiros acessíveis.

Resolução n° 4.657

A resolução 4.657 ampliou as possibilidades de atuação das fintechs no Brasil. Uma das mudanças mais importantes foi a permissão para que essas empresas securitizassem seus próprios ativos, algo que antes dependia de parcerias com bancos tradicionais.

Agora, fintechs podem realizar operações de custódia, comercializar direitos creditórios e securitizar créditos sem precisar da intermediação de uma instituição financeira.

Além disso, a norma possibilitou que fintechs sejam geridas por fundos de investimento, tanto nacionais quanto estrangeiros.

Outro ponto importante da regulamentação das fintechs é a exigência de que essas empresas sejam constituídas como Sociedades Anônimas, com um capital social mínimo de R$1 milhão. Essa exigência fortalece a estrutura do setor e garante mais segurança para consumidores e investidores.

Como as fintechs podem atuar no Brasil?

A regulamentação das fintechs no Brasil define duas principais modalidades para empresas que desejam oferecer serviços de crédito por meio de plataformas eletrônicas: a SEP e a SCD.

Sociedade de Empréstimo entre Pessoas (SEP)

As SEPs atuam como plataformas digitais que conectam solicitantes de crédito a investidores interessados em emprestar dinheiro. Pela regulamentação das fintechs, essas empresas podem cobrar tarifas pela intermediação financeira.

Cada credor pode investir até R$15 mil por operação, e a análise da situação financeira dos solicitantes inclui histórico de pagamentos e capacidade de quitação do empréstimo. 

Com isso, as SEPs operam no modelo de Peer to Peer Lending (P2P), permitindo que pessoas físicas ou jurídicas invistam diretamente no mercado de crédito.

Sociedade de Crédito Direto (SCD)

As SCDs, por outro lado, atuam diretamente no mercado de crédito, concedendo empréstimos com recursos próprios por meio de plataformas digitais.

A regulamentação das fintechs impede que essas empresas captem dinheiro do público para financiar suas operações.

Além da concessão de crédito, as SCDs podem oferecer serviços complementares, como análise de crédito para terceiros e a distribuição de seguros vinculados às operações realizadas.

Em outras palavras, exercem funções que antes eram exclusivas das instituições financeiras tradicionais.

Qual é o futuro das fintechs no Brasil?

Como mencionado acima, o setor de fintechs no Brasil passa por transformações impulsionadas pela regulamentação e pela adoção de novas tecnologias.

Diante disso, tendências como finanças integradas, RegTech, open data, segurança digital e inovação tecnológica estão moldando o mercado financeiro.

Embedded finance

A regulamentação das fintechs tem favorecido a integração de serviços financeiros em plataformas não financeiras. Empresas de varejo, por exemplo, passaram a oferecer cartões de crédito, seguros e investimentos diretamente em seus aplicativos.

Esse modelo, conhecido como embedded finance, atende à demanda dos consumidores por soluções de pagamento integradas ao dia a dia.

RegTech

As tecnologias regulatórias têm modernizado a forma como as fintechs gerenciam a conformidade com normas do setor financeiro.

O uso de inteligência artificial possibilita o monitoramento em tempo real de transações suspeitas, auxiliando na prevenção de fraudes e assegurando a gestão eficiente do compliance.

Open data

A regulamentação das fintechs tem proporcionado o compartilhamento seguro de dados que, por sua vez, fortalece o open finance.

Esse modelo permite que informações financeiras sejam acessadas por diferentes instituições, com autorização do usuário, viabilizando serviços personalizados e ampliando a competitividade no mercado.

A próxima etapa dessa evolução inclui a integração com dados de outros setores. Por exemplo, informações sobre consumo de energia podem ser utilizadas para análises mais precisas de crédito.

Prevenção e combate a fraudes

A segurança digital tem sido reforçada por tecnologias como a biometria avançada, o blockchain e a inteligência artificial. Essas soluções permitem a detecção de padrões suspeitos e garantem a rastreabilidade das transações, reduzindo riscos de fraudes.

Tecnologias emergentes

As regulamentações também têm acompanhado a evolução tecnológica do setor.  Avanços como contratos inteligentes baseados em blockchain possibilitam a automação de processos e maior eficiência em transações financeiras.

No Brasil, fintechs já exploram soluções inovadoras, como pagamentos por reconhecimento facial e assistentes virtuais com IA generativa, aprimorando a experiência do usuário.

Como acompanhar as novas regulamentações das fintechs?

A conformidade regulatória é um desafio constante para o setor. Para garantir uma gestão de compliance eficiente, a plataforma RegWatch da Dimensa oferece um monitoramento automatizado das normas financeiras.

A solução consolida informações de mais de 150 fontes regulatórias nacionais e internacionais, como Banco Central, CVM e Susep, proporcionando alertas automáticos sobre novas diretrizes.

Principais recursos da plataforma:

  • monitoramento automatizado via inteligência artificial;
  • dashboard personalizado para gestão de compliance;
  • análise prévia de normativos por especialistas;
  • sistema de workflow para acompanhamento de ações;
  • publicação e controle de políticas internas. 

A centralização das informações reduz riscos de não conformidade, garantindo que as fintechs atuem dentro das exigências regulatórias.

Conheça o RegWatch da Dimensa e implemente uma solução que otimiza a regulamentação das fintechs!

Em resumo

Quem regulamenta as fintechs no Brasil?

As fintechs são regulamentadas pelo Bacen, que estabelece normas e diretrizes para o funcionamento dessas instituições financeiras. Além disso, o CMN também desempenha um papel importante na definição das principais políticas que afetam o setor.

Qual a diferença entre SCD e SEP?

A principal distinção entre SEP e SCD é que a SEP atua como uma plataforma que liga tomadores de empréstimos a investidores, enquanto a SCD concede crédito diretamente aos consumidores. A SEP não usa recursos próprios, e a SCD utiliza. 

O que diz a resolução 4656?

A resolução 4656/18 das fintechs criou dois modelos de negócios: Sociedade de Crédito Direto e Sociedade de Empréstimo entre Pessoas, facilitando a entrada de novos players no mercado. Ambas exigem registro como SAs e autorização do Bacen.

créditos da imagem: Freepik

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